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A partida do número um

Homenagem da Goiás Industrial de Jan/Fev de 1994 a Venerando de Freitas Borges, que ficou conhecido como primeiro prefeito de Goiânia e símbolo de honradez. Confira!

História de Goiás

Goiânia entrou na sua segunda quinzena do ano de luto. Faleceu no dia 16 de janeiro um dos seus mais ilustres filhos: o professor Venerando de Freitas Borges, primeiro prefeito da Cidade, superintendente da Fieg e direto da Goiás Industrial. Aos 86 anos, sua história é uma bem pavimenta estrada de luta, honradez, doação, lucidez, espontaneidade e tantos outros adjetivos que ele transformou para si em política do cotidiano. A presença dos amigos e admiradores, além dos familiares, no momento da sua despedida reiteraram essa verdade.

Durante o seu velório, no Cemitério Jardim das Palmeiras, em Goiânia, compareceram diversos setores da sociedade, num ato de reconhecimento e homenagem ao homem que tanto fez por muitos. Os governos estadual e municipal e a Assembléia Legislativa decretaram luto oficial por três dias. O sepultamento foi no Cemitério Santana, onde Venerando de Freitas Borges foi enterrado no jazigo da família, ao lado da mulher, Maria de Araújo e de quatros filhos. A urna funerária foi coberta com as bandeiras de Goiás e da Academia Goiana de Letras, onde ocupava a cadeira número um, justamente na vaga da pessoa que ele nunca casava de admirar e ser fiel: o construtor de Goiânia, o governador e senador Pedro Ludovico Teixeira.

Como o nome de Venerando se confunde com a própria história da capital, os dirigentes dos três poderes do Estado compareceram ao velório. O governador Iris Rezende, o deputado Agenor Rezende, presidente da Assembléia Legislativa, e o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Mauro Campo. Várias outras autoridades políticas, como o prefeito de Goiânia, Darci Accorsi, deputados federais, estaduais, vereadores e prefeitos de outras cidades também compareceram ao Jardim das Palmeiras. Escritores, jornalistas, empresários e artistas também foram render suas homenagens.

Quatro espadas
Venerando de Freitas Borges morreu às 22h de um domingo na UTI do Hospital Santa Genoveva, após uma grave complicação respiratória, que resultou numa falência cardíaca. Ele estava se recuperando de uma cirurgia para implantação de uma prótese do quadril, realizada no dia 31 de dezembro. Na véspera do ano novo ele sofrera uma queda no banheiro de sua residência, provocando fratura no colo do fêmur. A cirurgia era considerada de alto risco, considerando a idade do paciente e seu histórico clínico, que incluía a osteoporose intensa e Mal de Parkison.

No dia 17, no Cemitério Jardim das Palmeiras, vários eventos aconteceram durante a cerimônia que marcou a passagem daqueles que foram se despedir do professor Venerando. Um grupo de maçons desenvolveu um ritual onde quatro espadas eram sustentadas sobre o caixão. O reverendo Fernando Teixeira Arantes fez um breve culto evangélico. Na capela do cemitério, o arcebispo de Goiânia, dom Antônio Ribeiro de Oliveira, celebrou a missa de corpo presente, marcando um dos momentos de maior comoção do velório. Ele falou sobre a saudade que todos sentiriam mas, no entanto, lembrou que a morte nada mais é do que uma libertação dos nossos problemas terrenos. Foi difícil para maioria dos presentes conter a tristeza seguida de choro neste momento.

Na hora do sepultamento, o neto, Luciano de Freitas Borges, falou sobre o avô em nome da família. Ele disse que o jazigo seria um altar de silencio e os familiares estava, felizes por terem se sentado ao lado de Venerando durante essa “viagem à terra”. “O mais importante é que todos saibam que a vida de alguém valeu a pena e vida do meu avô foi assim”, falou Luciano com a voz embargada. O governador Iris Rezende Machado fez um breve discurso, quando enalteceu o trabalho de Venerando e sua luta como primeiro prefeito de Goiânia. Ainda salientou a formo como ele pautava sua vida, com “amor pelo trabalho, honestidade e seriedade”. O governo destacou uma característica que é compartilhada por todos aqueles que participaram da vida do professor: “ele era incorruptível”.

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Referência:
A partida do número um. Goiás Industrial, Goiânia, Ascom, Janeiro/Fevereiro, 1994.

  • Capa revista Jan/Fev, 1994
  • Revista Jan/Fev, 1994

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