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O Cinema em Goiás

Após 7 meses do grande feito dos irmãos Lumière, foi exibido no Brasil uma sessão pública de cinema no Rio de Janeiro. Em 1909 foi a vez de Goiás, no Theatro São Joaquim!

História de Goiás

Teatro Goiânia no seu estilo art déco. Av. Tocantins c/ Av. Anhanguera | Fonte: Biblioteca IBGE

No período da colonização do Brasil, o litoral foi à região mais explorada, e por volta do século XVIII, muitos desbravadores se aventuraram em busca de novas terras, riquezas e também dominar territórios jamais pisados pelos europeus. Em 1729, foi fundado o Arraial de Sant'Anna, mudando de nome em 1739 para Vila Boa de Goyaz, hoje a atual Cidade de Goiás localizada a 142 quilômetros de Goiânia. Os grandes centros da época eram São Paulo e Rio de Janeiro e tudo que era importado da Europa ficavam por lá; novidades trazidas por membros da corte, intelectuais, estudiosos e aventureiros.

Em 28 de dezembro de 1895, os irmãos Lumière, pais do cinema, inventores do cinematógrafo, marcaram o mundo com uma invenção que revolucionou a fotografia, exibindo publicamente na cidade de Ciotat, na França a primeira projeção. Em 8 de julho de 1896, a cidade do Rio de Janeiro foi palco da primeira sessão pública no Brasil onde foi projetado oito pequenos filmes (curta-metragem) que tinham aproximadamente um minuto de duração mostrando cenas de cidades da Europa; o protagonista de tal feito foi  Henri Paillie. Em 1857 foi fundado em Vila Boa de Goyaz, no Beco da Lapa, o Cine Theatro São Joaquim localizado à Rua Morette Forggia, nº 17 onde ocorreram as primeiras apresentações de grupos teatrais. Nesse período várias salas de cinema eram realidade na antiga Vila Boa de Goyaz, considerada uma inovação para aquele tempo, pois ao comentar sobre a atual Cidade de Goiás, lembra-se mais dos tempos em que a mineração era o destaque desta cidade patrimônio da humanidade. Em Goiânia as salas de cinema foram realidade desde a época em que o atual setor Campinas, a antiga “Campininha”, era uma região próxima, antes de a grande capital emendar seu complexo geográfico com a movimentada Campinas de hoje. Meados década de 40, Campinas tinha o Cine Teatro Campinas inaugurado em 13 de junho de 1936 e o Cine Goiaz. Em Goiânia destaque para Cine Santa Maria (antes chamado Cine Popular, em 1939), Cine Ritz da Rua Oito no centro, Teatro Goiânia Ouro localizado na Rua Três centro e o famoso e bem localizado Cine Teatro Goiânia inaugurado em 12 de junho de 1942, na esquina das avenidas Tocantins e Anhanguera no centro da capital.

Hoje, com o avanço da tecnologia nas produções cinematográficas e nos modos e exibição, o “cinema de rua” perdeu aquela essência do “ir ao cinema” (cinema-going). Alguns prédios históricos que protagonizaram exibições de curtas-metragens, estreias, peças teatrais e musicais não mais são palcos das famosas sessões de cinema. Estudiosos e pesquisadores do meio acadêmico da área de cinema, trabalham linhas de pesquisas na tentativa resgatarem essa história: a reabertura de salas exibidoras. Reviver a memória em um tom de nostalgia é algo precioso segundo os pesquisadores. No século XXI quando se fala em cinema, lembra-se imediatamente dos shoppings centers, pois a maioria deles está dentro desses complexos de lojas ao lado de praças de alimentação. O fácil acesso a filmes através de plataformas streamings e TV a cabo traz a comodidade de assistir um filme em casa, no próprio sofá sem de deslocar para uma sala de cinema, seja ela na rua ou em shoppings. Assim como pessoas da área de cinema lutam na cidade do Rio de Janeiro e São Paulo para “ressuscitar” o cinema de rua que está jogado as traças, na cidade de Goiânia e no interior, salas de cinema sem o zelo e cuidado dos proprietários dos prédios e até do poder público vão sendo ocupados por comércios, estacionamentos ou encontram-se simplesmente fechadas.

Com a ascensão do audiovisual, de produções cinematográficas o cinema tem fomentado e movimentado um mercado promissor. A indústria do cinema em alguns países, principalmente os Estados Unidos, movimento bilhões de dólares e isto é positivo para que esta indústria incentive não só a produção voltada para streamings, mas também para cinemas de rua que aos poucos podem sim, voltar a manter uma história viva exibindo filmes, peças teatrais, musicais e tudo que requer um espaço como esse. Quem não gosta de um bom filme com pipoca?

Texto: Valter Lopes

Acesse o material   |   Comentários sobre a "Indústria do Cinema" I e II

FONTES:
FERRAZ, Talitha Gomes. Usos e instrumentalizações da memória em reaberturas de antigos cinemas: De Roma, um caso belga. Contracampo, Niterói, v. 35, n. 03, dez. 2016/ mar. 2017. Enviado em 10 de setembro de 2015 / Aceito em: 09 de março de 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.20505/contracampo.v35i3.858
AUN, Ana Carolina Passos. Cinema e modernidade na Cidade de Goiás (1909-1937), Natal-RN. XXVII Simpósio Nacional de História, julho 2013.
CHAUL, Nasr. Caminhos de Goiás: da construção da decadência aos limites da modernidade. 3. Ed. Goiânia: Editora UFG, 2010.

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