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A indústria do café

O café teve um papel importante nos avanços tecnológicos no Brasil no final do século XIX. Foi apelidado de "ouro negro".

História do Brasil

No Brasil as primeiras mudas de café trazidas da Guiana Francesa pelo sargento-mor Francisco de Melo Palheta a pedido do governador do Estado do Grão-Pará (atual Pará) dando início ao plantio no Estado do Pará e posteriormente espalharam-se pelo interior de São Paulo e Rio de Janeiro. Havia um grande consumo do produto no exterior favorecendo a exportação. A grande alavancada na produção do café foi à queda nas exportações de algodão, açúcar e cacau. No final do século XIX, meados de 1890 iniciou-se a industrialização, pois muitos cafeicultores que investiam seu dinheiro no exterior passaram aplicar seus lucros nas indústrias brasileiras, as quais começavam a despontar, principalmente nos grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, contando com a chegada de imigrantes europeus, principalmente italianos, para trabalhar nas fazendas aumentando a mão-de-obra livre nos cafezais. Houve destaque na produção do café no Vale do Paraíba, mesorregião do Sul Fluminense, litoral norte de São Paulo, considerada uma região ideal para o cultivo.

O ápice do café foi no início do Brasil República após o encilhamento (crise financeira e institucional entre 1889 e 1894) quando estava ocorrendo à transição política de Brasil Imperial para República. Veteranos da Guerra do Paraguai, classe média urbana e inclusive os cafeicultores paulistas insatisfeitos com as regalias da corte de D. Pedro II, o compadrio e privilégios da elite. Tudo isso culminou articulação para queda do Império. Mas, por quê? Após a abolição da escravatura em 1888 que pôs fim ao tráfico negreiro, os fazendeiros escravocratas não mais eram representados pela República Velha sendo que o café era, de longe, o principal produto de exportação, além de apresentar-se como o maior empregador e dinamizador da economia interna.

A preocupação dos barões do café era como iriam obter capital para investir em um porto para o café, e a solução veio com o chamado “pacote” industrialista do então ministro da fazenda Ruy Barbosa. Em 1892 foi inaugurada no Rio de Janeiro a Companhia Docas de Santos, com sede no Rio de Janeiro, colaborando com os ciclos de crescimento econômico do país movimentando açúcar, café, adubo, laranja, algodão, soja e carvão.

Desde 1830 a Província de São Paulo liderava a produção de café colocando o país como maior produtor mundial. Em 1886, o Ministério de Viação e Obras Públicas abriu uma concorrência para empresas que tinha interesse em construir um porto em Santos e venceu a empresa dos brasileiros Cândido Gaffréem, Eduardo Palassin Guinle, José Pinto de Oliveira, Alfredo Camillo Valdetaro, Benedicto Antônio da Silva e Francisco Ribeiro, Barros & Braga. Após análises das propostas e aprovação, a construção foi homologada pela Princesa Isabel, tendo em uma das cláusulas que seria explorado pelos construtores durante 90 anos. Em 2 de fevereiro de 1892 o navio Nasmith atracou no Cais de Santos, na região do Valongo, inaugurando o primeiro porto moderno do Brasil. O progresso caminhava e a Província de São Paulo foi beneficiada com o Porto de Santos. Todo capital acumulado com a exportação do café foi investido em maquinários, mão-de-obra e para as indústrias que iam despontando na província. Um complexo fabril foi surgindo através dos investimentos dos empresários, não apenas voltado para o café, também metalúrgicas, tecelagens, fábricas de sabão, serraria, carpintaria e outros. O governo, para acompanhar o progresso com a implantação do porto para escoar o café para o mundo, precisava investir em infraestrutura, saneamento e reurbanização, pois o Brasil precisava urgente de uma porta de entrada para imigrantes, tecnologia e capital.



Sem dúvidas, automaticamente o Brasil ganhou uma nova dinâmica com a modernização nos transportes como a construção de portos e ferrovias, trabalho assalariado, tudo de acordo com uma mentalidade capitalista e empresarial dando um notório poder político aos cafeicultores no novo período que se iniciava: a República Velha. O café é referência mundial! Ninguém previu a popularidade de grãos tão simples originários da África. Influenciou na política, na industrialização e até hoje é considerada uma bebida importante que não pode faltar na mesa.

Texto: Valter Lopes - Historiador

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FONTES:
Bueno, Eduardo. Produto nacional: uma história da indústria no Brasil / Eduardo Bueno. – Brasília: CNI, 2008. 240 p. : il
200 anos de indústria no Brasil: de 1808 ao século XXI: 70 anos da Confederação Nacional da Indústria / [organização Julio Heilbron, Elmer Corrêa Barbosa; versão em inglês Geoffrey Lloyd Gilbert. - Rio de Janeiro: EMC, 2008.
https://www.todamateria.com.br/ciclo-do-cafe/

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