1. 1949-09-09
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Onde estão os alfaiates?

Dia 6 de Setembro é comemorado o Dia do Alfaiate! Um ofício prazeroso que de forma simples desenha cortes e recortes. Uma indústria viva e orgânica.

História da Indústria Goiana

A direita da foto Sr. Daniel Viana junto do cunhado Sr. Astolfo Tallon
Daniel Viana em sua alfaiataria na Galeria Central, Goiânia

Quando perguntamos hoje para um jovem de quinze ou dezoito anos de idade se ele sabe o que é um alfaiate, provavelmente uma grande parte deles vão responder que não sabem alguns já ouviram falar e talvez alguns dos jovens vão dizer que já viu uma placa dizendo: “Alfaiate aqui” na porta de alguma residência ou centro comercial.

Hoje, comumente, há pessoas que exercem o ofício da alfaiataria em pequenas cidades de interior e em grandes centros e geralmente são pessoas mais velhas, pois os mais jovens por mais que tenham um pai ou mãe alfaiate não se interessam pelo ofício que aos poucos vai desaparecendo.

Os alfaiates tiveram uma página na História do Brasil em 1798, quando ocorreu na Bahia uma revolta chamada Conjuração Baiana também conhecida como Revolta dos Alfaiates que foi um movimento social que lutou para o fim do pacto colonial e implantação da República, queriam liberdade comercial e outras demandas. Além de alfaiates que estiveram à frente do movimento, também médicos, advogados e pessoas insatisfeitas com a condução da política naquele período.

A palavra alfaiate (em francês Tailleur) é derivada do árabe alkhayyát, do verbo kháta que significa coser. É um artesão, um profissional que trabalha com tecido de forma artesanal calculando medidas e criando formas. No início da alfaiataria os desenhos e primeiros modelos foram feitos para homens e posteriormente para mulheres. O alfaiate tem a habilidade de observar e desenhar o modelo perfeito da roupa para encaixar bem no corpo e as roupas mais comuns feitas é o terno, costume (roupa própria para ser utilizada em espetáculos de teatro), calça, colete, etc. A fita métrica, tesoura e os marcadores são ferramentas essenciais do alfaiate que trabalha com medida traçando cortes e costuras que não apenas cobre o corpo, mas também deixar uma marca, estilo, conceitua um perfil. Na Europa na época de reis e rainhas o alfaiate passou a ser um aliado, pois a corte e toda a burguesia tinham seus próprios alfaiates que criavam modelos e costuravam peças únicas. Com a construção do conceito de moda (leia aqui sobre moda), identidades e modelos já estampavam um perfil, uma característica e na primeira metade do século XX, o terno e gravata que até hoje é uma marca em todo mundo, passou a ser muito valorizado pelos homens que na maioria prezam por um modelo bem desenhado que se encaixe bem no corpo.

Desde a Idade Média passando pela Revolução Industrial as formas de produção foram mudando, se modernizando e hoje há produções em larga escala. O novo modelo de produção não excluiu o ofício da alfaiataria, do artesão que hoje, em pleno século XXI sobrevive. E para que continuasse a existir, assim como grupos se unem e criam associações e sindicatos para unir forças e dedicar aos interesses da classe, foi criado em Goiás em 09/09/1949 o Sindicato das Indústrias de Alfaiataria e Confecção de Roupas para Homens no Estado de Goiás pelo então Daniel Viana que também foi um dos cinco fundadores da FIEG – Federação das Indústrias no Estado de Goiás acompanhado pelo Sr. José Aquino Porto.

Daniel Viana (veja aqui seu depoimento) aprendeu com seu cunhado e amigo, Astolfo Tallon o ofício de alfaiate onde com garra acreditou e se tornou um grande profissional da área e sempre defendendo a classe dos alfaiates onde teve bastante êxito e sempre trabalhando em pró da indústria. A profissão de alfaiate hoje pode até não estar em voga, mas o estilo “alfaiataria” sempre estará presente nas vitrines e passarelas. Podemos dizer que os alfaiates foram extintos? Ou estão apenas em pequeno número escondidos em salas cheias de máquinas com a fita métrica pendurada no pescoço? Bem, sabemos que eles sobrevivem e quem nasceu alfaiate, alfaiate sempre será! O que vemos hoje são os novos métodos que dispensam o papel e o lápis. São os softwares de computadores que fazem o mesmo trabalho que o alfaiate faz manualmente, pois a indústria se espelhou no método do profissional do tecido.

O ofício alfaiate sempre existirá. Há lojas de roupas de grife voltado para o público masculino que dispõe de alfaiates que não produzem ali, mas fazem ajuste em ternos, calças e coletes ali mesmo na loja, caso o cliente gostar de tal modelo e este precisar.

Texto: Valter Lopes

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Confira os depoimentos

FONTES:
ALMEIDA, Ubirajara Galli Antonio. FIEG 60 anos de sua fundação – A sua história na industrialização de Goiás. 1950 – 2010. Goiânia, GO – 2012.
GIMPEL, Jean. A revolução industrial da idade média. Zahar Editores. Trad. Álvaro Cabral. Ed. Original 1975 – La Révolution Industrielle du Moyen Age.
SILVA, José Joaquim de Almeida e. Daniel Viana, o último alfaiate: (histórias, confissões e segredos de um artesão) / José Joaquim de Almeida e Silva. – Goiânia: Kelps, 2004. 202p.

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